quarta-feira, 3 de março de 2010

A RETOMADA DO PETRÓLEO - O EFEITO NA ECONOMIA ANGOLANA

Como já é de costume observar, o desempenho da economia angolana apresenta uma forte "correlação" positiva com a evolução da demanda externa de petróleo. Desta forma, implica dizer, que  para cada aumento no preço unitário do barril de petróleo esperamos aumento nas expectativas  de crescimento da economia do país, ou seja, projetos de investimentos em infra-estrutura, projetos de construtoras, e políticas de gastos com a economia estarão apresentando crescimento.
Apesar do esforço para a diversificação da pauta exportadora,caminho  normal para auferir crescimento as receitas do país, o preço do petróleo ainda é um indicador que melhor descreve a tendência das expectativas  de crescimento real da economia angolana no curto prazo. Embora o preço seja estável e decidido em conluio, a variável demanda ainda tende a afetar decisões futuras de produção e oferta do barril, implicando dizer que o desempenho da economia angolana apresentará alterações diretas e indiretas  nas suas principais variáveis ligadas a exportação. 
Pode-se imaginar, que a retomada do petróleo implicará numa maior entrada esperada de moeda externa na economia, reforçando as contas  do pais. Isto favorece políticas fiscais expansionistas do governo, e provoca aumento dos investimentos de longo prazo caso a tendência se confirme. A implicação deste fato, poderá se dar pela ampliação da moeda americana na economia interna, podendo desencadear pressões de queda na cotação do dólar em relação ao Kwanza, sugerindo atuação do governo na controle a inflaçaõ, daí o possível efeito reverso nas políticas ou seja, a restrição cambial.
 Independentemente disso, o primeiro momento é dado pela retomada do fôlego na atividade interna, seja via investimento e produção e aumento da demanda em setores beneficiários de multiplicação e expansão das atividades internas, e pela intensificação dos negócios com o exterior.  Daí toda a cadeia produtiva e de serviços refletirá positivamente o efeito da intensificação das atividades, como aumento do escoamento das atividades nos portos, o aumento na construção e edificação de obras, e dos transportes internos. Esse fluxo se segmenta via receitas para o estado, com o aumento da cobrança de fretes intra-regionais (entre províncias) elevando arrecadação do Estado e a tendência a expansão da atividade fiscal interna.
De outra forma, e de acordo com a necessidade e continuidade da implementação dos  programas de ampliação e recuperação da economia em Angola,  acentuam-se receios quanto aos déficits futuros a incorrer com a ampliação das obras, devido as expectativas de alta do preço do petróleo associada a um elevado ímpeto a gastar por parte do governo, o que segundo alguns analistas, desequilibra a relação Despesa & Receita orçamentária, levando a supor para que tudo se mantenha em crescimento seria necessário que as receitas de petróleo se mantivessem positiva, ou seja, um cenário externo sempre positivo, o que é pouco provável.
A tendência do preço internacional para USD 78 o barril, infelizmente ainda aliena a economia angolana a "mono-exportação", dada  a única commoditie significativa na pauta exportadora e  geradora de receita. Sugere-se o incremento acelerado em setores como de extração mineral, os de manufatura pesada para equipar a indústria, agricultura para diversificação e ampliação da pauta  de exportação e diluição do risco imposta pela mono-exportação de um único bem- o petróleo.
A  política de substituição de importações ainda não engrenou e  priorizou obras que favorecem fortemente os setores altamente capazes de "enriquecer" pauta exportadora do país.
 Pela experiência recente, a crise financeira e seus efeitos,  o alerta despertado pela recente politica de contenção cambial de restrição a  emissão de montantes para o exterior, uma experiência bem sucedida na contenção do câmbio, porém, seu grande aspecto "antipático" é retraçaõ da comercialização com exterior  a diminuição e  a crescente "fuga" de capitais pela forte demanda de remessas pelas empresas Multinacionais (originando queda nas reservas externas no Banco Nacional), além da manutenção do forte déficit incorrido pelo Estado com as obras de recuperação das infraestruturas.
A  melhora do setor exportador abre oportunidades para a continuidade acelerada dos investimentos para sanar a deficiência na geração das receitas para o país, hoje muito aquém das necessidades do país. Para isso, é necessário produzir mais commodities e aumentar a produtividade dos setores, aliado a produção com baixo custo e fortes ganhos proporcionados por escalas produtivas para atender o mercado interno e externo muito além do setor de extração de petróleo. É necessário incluir demais setor na produção a níveis do setor petrolífero de Angola.
A recuperação do preço do barril, é uma boa noticia para a nossa economia a medida que as políticas de diversificação e substituição de importação não surtiram os efeitos desejados. Assim,  o patamar de 70 dólares a unidade de barril, tendem a aumentar  reservas externas e afrouxar a política interna imposta,  e reverter as fortes queda de entrada de capitais ocorrida desde a segunda metade do ano de 2009.
Além disso, a balança  comercial  se fortalece pela obtenção de superávits primários positivos e crescentes, podendo ser ampliados por  investimentos em setores produtivos tradicionais, e ampliação dos benefícios do crescimento do PIB pelo país.
Contudo, não podemos continuar "apáticos" e achar que o mercado externo é a fonte eterna e "mãe salvadora" das nossas deficiências estruturais  de cunho econômico, devemos olhar as vantagens competitivas potenciais que geram alavancagem das receitas e diversificação do risco na pauta exportadora do país.
PAULO BURITY - 55 31 99413136

5 comentários:

  1. Estimado Paulo,

    É um retrato fiel da economia angolana, a excessiva dependência em relação ao petróleo, é certo que é preferível ter petróleo do que não tê-lo, no entanto, sendo quase a única fonte de ingressos expõem a economia a uma grande volatilidade, muito dependente das variações do preço do crude, o que aumenta significativamente o risco associado da economia angolana. Depois, existe outra questão a fase expansionista do ciclo económico coincide quase sempre com a alta do preço do barril que por sua vez tem efeitos depressores na actividade económica dos países desenvolvidos, portanto, em teoria o crescimento da economia angolana deveria fazer-se em conta-ciclo com a economia mundial, algo que curiosamente não aconteceu em 2009, um reflexo da má governação angolana. Por isso, é cada vez mais imperioso uma melhor gestão dos recursos públicos e uma diversificação do tecido produtivo que permita reduzir os impactos negativos quando o preço do barril baixa.
    Um Abraço,
    Miguel Blasco.

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  2. O grande problema da economia angolana resume-se a isto: falta de estratégia politica. Vejamos:

    -11/2009 - nova constituição;
    -01/2010 - CAN;
    -02/2010 - Posse do novo governo com um peso governativo muito grande.

    Desde 11/2009 à presente data, Angola está parada a nível governativo, ou seja, mera gestão administrativa.

    Por outro lado, o angolano, desde há muito que pensa que a sua economia vai até ao céu. Esquece-se ou não sabe que todas as economias têm os seus ciclos, aquecimento e arrefecimento. Angola está na fase de arrefecimento e não se vê repito qualquer estratégia para alterar tal estado.

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  3. O grande problema da economia angolana resume-se a isto: falta de estratégia politica. Vejamos:

    -11/2009 - nova constituição;
    -01/2010 - CAN;
    -02/2010 - Posse do novo governo com um peso governativo muito grande.

    Desde 11/2009 à presente data, Angola está parada a nível governativo, ou seja, mera gestão administrativa.

    Por outro lado, o angolano, desde há muito que pensa que a sua economia vai até ao céu. Esquece-se ou não sabe que todas as economias têm os seus ciclos, aquecimento e arrefecimento. Angola está na fase de arrefecimento e não se vê repito qualquer estratégia para alterar tal estado.

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  4. Estimado leitor, agradeço a participação e seus comentários. De certa forma, são úteis para o desenvolvimento dos debates, intenção deste blog.
    Referente aos rumos da economia angolana, concordamos que ação política afeta diretamente o desempenho economia. Sua relação política versus economia traduz a causa, evidenciada pelo efeito das política bastante com resultantes pouco clara em termos de benefícios reais do ponto de vista econômico. Até hoje, não se entende o real valor econômico das mudanças no novo arranjo de organização pública, o que justifica o questionamento sobre a existência de estratégias existentes. O Marketing público evidenciado, muitas vezes provocam criticas, como as do "maqueamento" dos principais problemas do país. Para isso uma das grandes falhas está na clareza das decisões políticas (estrategias) e seu acompanhamento dos resultados.

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  5. Pedro Miguel03/11/2010, 09:07

    Mesmo com a retomada do petróleo é necessário uma política económica séria para se levar este barco(Angola)a bom porto.primeiramente uma redução de despesas por parte do executivo, pois temos um governo deveras extenso, com muitos ministérios e afins, penso que Angola é um país que sempre apresentou deficit orçamental só que nunca vem à público, a despesa pública em Angola é sempre maior que a receita esperada.Que se active a contabilidade nacional, é importante para vermos as quantas anda o país em termos financeiros...
    Redução dos gastos em projectos supérfluos, ou desnecessários, incremento da produção interna,insentivo ao investimento privado nos mais diversos ramos da actividade económica e empresarial, incremento das taxas aduaneiras dos produtos que o país pode produzir, para dissuadir os seus importadores e, contribuir desta forma para uma balança de pagamentos aceitável.

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