segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ANGOLA JÁ SENTE A CRISE?




Contrário a comentários anteriores, a crise já afecta a economia do País desde o final de Novembro, período em que afirmações convictas de imunidade caracterizavam os argumentos das principais lideranças. A economia de Angola , viveu parcialmente os benefícios de um cenário externo favorável e em expansão, pelo qual impulsionou setores basicos e demais correlacionados a obterem lucros praticamente impossíveis em demais locais do planeta.
Os investidores privados em fase inicial de implementação de seus projetos, poderão sofrer no curto prazo em termos de recuperação dos seus investimento. Porém no longo prazo a expectiva de melhora devido aos efeitos advindo da continuidade de investimentos públicos e seus multiplicadores de serviços e oportunidades. Embora os efeitos esperados poderão se mostrar diferentes do projetado, dado a crise de crédito externa, a expectativa de elevados retornos dos investimentos em Angola é consistente.
Embora não recaía diretamente para o consumo, o efeito indireto é dado pela demanda induzida pelos gastos de governo. Do lado das receitas públicas, depositar confiança ancoradas no petróleo se mostra uma aposta bastante imprudente e arriscada, pelos compromissos assumidos com credores de "lastreados" em petróleo. A verdade é, enquanto a crise persiste, a pressão sobre as receitas do governo pioram drasticamente, pressionando as reservas monetárias acumuladas durante a época de alta do preço do petróleo e fortes investimentos privados. O mas agravante e confirmador do peso desta crise sobre a administração do país se confirma com a recente demissão do governador do banco nacional, por alegado descontrole da saída de capitais acumuladas durante o período de forte crescimento, e forte impecto importador do país para manter a reconstrução.
A dificuldade em manter maiores conquistas macroeconomicas alcançadas pelo governo, como o estabilidade dos preços e controle da taxa de câmbio, reservas em moeda forte tornou-se uma preocupação fundamental, e uma dicotomia em relação ao programa de investimentos em infraestrutura que tem sido caracteristica do governo nesta nova fase que o país atravessa.
De modo geral, a consensual afirmação sobre imunidade se mostra frágil, a medida que entramos para o terceiro bimestre do ano em curso, com disparada dos preços internos, e a permanente queda no preço do petróleo com corte da produção abaixo de 2 milhões de barris diários soma -se a certeza de uma incerta continuidade do crescimento via setor petrolífero.
Espera-se um "arroxo" de política fiscal para 2009, contrária as necessidades do governo. Tal arroxo poderá resultar em menor do crescimento do PIB, igual ou menor a 6%, a redução na renda e consumo das pessoas menor despesas públicas em infraestrutura, prejudicando o fomento a industria.
Deliciam-se aqueles que, a bem pouco tempo alertavam sobre a necessidade de diversificação da economia de Angola, como forma de sustentabilizar o crescimento. Porém tais políticas monstram -se ainda precárias, se compara ao peso do setor petrolífero.
As perspectivas internas de continuidade dos projectos de zona industrial de Luanda e o decorrer das obras viárias Viana- Luanda, orçadas em 214 milhões e já a dois anos no ritmo lento, fragiliza os sectores correlacionados. A continuidade de destes gastos se torna vital para o fortalecimento do setor de serviços.
Um orçamento menor implica em menor despesas, menor renda, menor consumo e menor crescimento do PIB via gastos do governo devido a diminuição da injeção via gastos do governo em infraestrutura. Com isso, os compromissos com créditos pagos por petróleo, como é o caso com CHINA tendem a onerar mais ainda as receitas do governo e diminuir o crescimento das despesas com as obras públicas via juros .
Além da dívida pública interna, a queima de reservas é vidente, visto a necessidade se manter os preços o câmbio e indiretamente os preços estáveis.
A dívida externa poderá se agravar e se transformar em desculpa para a manutenção da actividade econômica, porém possivelmente evitável neste momento o que implica não comprometer a actividade futura do país, e nem aumentar a relação DIVIDA/ PIB, principal indicador de risco do país. Relação esta que anteriormente se tornou " inexpressiva" dado o acumulo de reservas em moeda forte com o crescimento dos preços do petróleo.
Obrigado,
Paulo Burity.

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