quarta-feira, 18 de novembro de 2009

É POSSÍVEL PENSAR EM UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO IDEAL PARA ANGOLA?

 Minha resposta é sim. Acredito que um modelo econômico para Angola deve passar por um projeto de crescimento com desenvolvimento que gere menos desigualdades. Dessa forma, qualquer aposta no crescimento que gere desenvolvimento sustentável e igualitário, seu sucesso estará condicionado aos processos históricos regionais/ locais, tendo que considerar a evolução econômica com base nas características tradicionais  de cada região ou  local. 
Diferente da tendência ao impulso no crescimento dado pelo lucro dos capitalistas, a produtividade dos fatores de produção são as determinantes características do modelo por nós adotado. Sendo assim,a exclusão pela alta de especialização produtiva uma das características marcantes, sendo que a inclusão dos processos históricos nesse modelo ser vista como um inovação capaz de estampar um caracter mas humano ao crescimento angolano. Portanto, o desenvolvimento seria uma conseqüência natural.
A inclusão dos processos históricos nos modelos de crescimento com desenvolvimento econômico, foram bem sucedidos em países como Peru, colômbia e Tailândia, em as características locais de cada região são as principais fontes de crescimento das mesma.
 O modelo pelo qual estamos submetidos, acentuam as assimetrias regionais, quando pelo contrário deveriam  diminuir tais assimetrias. Fatores que contribuem para esses diferenças regionais, podem ser descritos como  aqueles os que  privilegiam o lucro dos proprietários dos meios de produção, investidores e empresários em que o lucro e geração de excedente só a ele interessa, muitas vezes naõ  reinvestidos no país, e sim remetidos em forma de lucros para "matrizes" no exterior, "atolando" o país.
Além disso, os modelos atuais de crescimento são sustentados por setores de serviços geradores de empregos "qualificados" e semi-qualificados que implica na "seleção" e "exploração" da mão de Obra como principal critério de geração de mas-valia., em detrimento da imensa maioria de não qualificados existente no país.
Um modelo econômico que  desconsidera os processos históricos de cada região  província  ou grupo, amplia a desigualdade; inibe as vantagens comparativas locais, além de não promover a identificação e ampliação do potencial agrícola e/ou turístico, como forma de inserção dos cidadãos na geração de emprego.
A extensão da terra agrícola existente e que há predominância na subsistência familiar,  implantar o sistema de cooperativas agrícolas geradoras de crédito para agricultores, torna-se na  forma possível  de inovação que gera inserção dos angolanos na economia.Projetos de implementação e de cultivo de cana de açucar ou milho na zona planáltica central de Angola, devem estar direcionados ao aproveitamento das vantagens comparativas de cada região. Portanto o estabelecer um sistema de produção mecanizado  industrial para o abastecimento e geração de energia como o Etanol, se torna numa opção equivocada de desenvolvimento, Porém se tornará numa opção que gerará maior desigualdade pela demanda de mão de obra especializada em número reduzido pelo alta mecanização, bem como o  número cada vez menor de operários por maquinários, e a alta complexidade dos equipamentos exigindo  considerável qualificação, que não é o caso dessas regiões.
Com isso teremos, benefícios ínfimos do ponto de  vista de extensão para a população no geral, sendo que a maioria dos lucros na sua maioria e benefícios vertem para o proprietário ou capitalista, em detrimento da região,vide indústria de extração e refino de combustível em Angola.
 Espera-se "apropriação" e "expropriação da terra", dos nativos, e perca por parte dessa população do modo de sobrevivência, para se especializarem como operadores de maquinários, que não é para todo mundo. Passando a sujeição para a economia mercantilista somente benéfica aos proprietários dos meios de produção e aos detentores de renda monetária constante.
Considerando ainda o Cidadão, ao enfrentar uma brusca mudança da economia rural para economia mercantilista, dado sua emigração para as cidades, a implementação de fabricas na região de origem e residência, acarretam-se incompatibilidades entre existência/ inexistência de oferta de trabalho, sujeição a demissões ou admissões; qualificação ou não qualificação, como pré requisito de adaptação aos salários de sobrevivência,ou seja, uma quase compulsiva sujeição a economia de mercado.Processos muitas vezes nunca vivenciados por um cidadão de perfil rural, fato que os coloca a situação muito próxima da miséria, quando da existência de dificuldades de inserção ao modelo devido a baixa qualificação, e a sujeição a forma capitalista de vida.
Há quase 72% das familias que emigram de regiões como por exemplo, as do Uige para Luanda, Malange-Luanda, Huambo-Luanda e demais,  compõem o tecido básico social da Urbe,  que a grosso modo na são a absolvidos pelo modelo econômico atual devido a fatores acima mencionado.Luanda por se caracterizar numa cidade de economia majoritariamente "mercantilista" de consumo, de produtos predominantemente industrial (importados na sua maioria), de laboração específica, impõe "barreiras" de adaptação a cidadãos de origem rural,  dado o nível de especialidade das relações entre os agentes econômicos que exigem um acumulo monetário significativo, diferente da produção produtos agrícola para consumo.
Embora cidades como Luanda, predominar atividades econômicas na sua maioria básica e informal, como a Pesca, o comércio, consumo de produtos agrícolas, ainda predomina a subsistência não favorecendo o acumulo monetário, sendo esses trabalhadores na sua maioria de qualificação "braçal ", deixando-os sem ocupação o que aumenta os grupos informais, quando se trata da tentativa de inclusão dos mesmo ao mercado de consumo.
A exposição a condições adversas enfrentada por cidadãos de origem rural, comprovam a dificuldade do modelo atual em captar as necessidades da  diminuição e eliminação do risco do cidadão nas Urbes, embora  predominarem com atividade comum de subsistência e sustento familiar de muitos grupos de pessoas com predominância rural.
A contínua aceleração dos negócios informais elevam a relação risco retorno de longo prazo dado a inexistência de amparo legal por   pensão de benefício a aposentadoria pós ciclo de atividade ativa laboral.
Luanda e demais Urbes do país, tendem a gerar trabalhos cada vez mas sofisticados, aumento na qualificação do ponto de vista da técnica de prestação de serviços por uso de componente tecnológico elevado, o que sugere um alto investimento em projetos de educação formal técnica qualificada para atender futuras necessidade.
 A tendencia é o aumento simultaneo do risco social de famílias oriundas de regiões tradicionais, o que justifica o elevado lucros dos empreendimentos formais abertos em Angola, em detrimento do direito do cidadão, acentuando o fracasso do modelo atual em gerar oportunidades, que proporcionem empregos e diretos dignos dando margem para críticas no âmbito das necessidades de geração de oportunidades para um investimento em educação e formação técnica minimizadoras das assimetrias impostas pela  modelo atual.
(*) Paulo J. Burity Pais de Oliveira- Economista.
Email: peconomista@hotmail.com

2 comentários:

  1. Estimado Paulo,

    No seu artigo foca uma questão que considero fulcral que diz respeito a excessiva concentração populacional que existe em Luanda e a consequente incapacidade económica para absorver todas estas pessoas, gerando focos de inadaptação e desigualdade social. Não creio que a solução possa ser imediata, mas passa necessariamente pela formação e pela fixação das pessoas nas regiões onde exista actividade económica, neste sentido, penso que todas as actividades relacionadas com a agricultura poderão desempenhar um papel importante.
    Um Abraço,
    Miguel Blasco.

    ResponderExcluir
  2. Prezado Miguel agradeço mas uma vez sua participação, fato que tem provocado maior estimula na análise das questões da nossa jovem economia.
    Obrigado, esperando contínuas contribuições a nossos trabalhos.

    Paulo j. Burity

    ResponderExcluir

MEUS SEGUIDORES

Translate